ENTREVISTA: Guajará Oliveira


Entrevista publicada no Jornal da Manhã do dia 23 de Dezembro de 2013 com o presidente da ARGOS Guajará Oliveira.entrevista   Como presidente da Argos e um dos produtores pioneiros no setor de olivicultura você esteve participando de capacitação no exterior. Como foi essa jornada? Recentemente regressei do período de 32 dias, em que estive participando do 9º Curso Superior em Olivicultura ministrado pelo Instituto de Formación Agraria y Pesquera da Andalucia( Ifapa) a convite da junta da Andalucia, instituto esse de referência mundial para estudo e pesquisa sobre oliveiras, que tem 103 anos de tradição no ensino e na pesquisa do tema olivicultura. Após o termino do curso estive em Barcelona para contatos com a empresa produtora de mudas e uma filial de uma indústria italiana de maquinas para o setor. O curso foi ministrado em um dos três mais importantes centros do Ifapa e na universidade de Córdoba. Todos os professores, inclusive não espanhóis, do instituto são pesquisadores com várias obras publicadas sobre o tema cujo livro mais conhecido é o Cultivo del Olivo, que hoje está em sua 6ª edição, sendo a publicação mais importante sobre oliveiras existente hoje no mundo Como essa capacitação poderá reverter em benefícios para a Argos? O curso é de alto nível e o aprendizado e a experiência obtida nesses dias de aulas teóricas e praticas foi muito importante para sabermos conduzir. Como não temos tradição no segmento (temos carência de tudo), já que o plantio de oliveiras em sua nova fase no RS tem apenas seis anos, esse contato com pessoas que vivem no seu dia a dia o tema, procurando melhora e avanços genéticos, combate a enfermidades, manutenção, colheita, extração de azeite e preparação de azeitonas para consumo foi de uma valia sem igual. Hoje temos, através dos contatos feitos com vários profissionais da Espanha e de outros países, um espaço aberto para nos ajudar a implantar a olivicultura no Estado e na região sul. Quais os principais passos para tornar a produção e azeite de oliva uma cultura rentável no estado? A tarefa não é simples. é um grande desafio, mas entendo que o segmento poderá ser desenvolvido e aperfeiçoado com o tempo, tendo as pessoas mais uma oportunidade de investimento, já que nessa área importamos tudo. O mercado de azeite cresce 3% ao ano no mundo. A campanha de 2006/2007 produziu cerca de 2, milhões de toneladas de azeite, sendo que só a Espanha tem uma participação de cerca de 50%nessa produção. As previsões mais otimistas de colheita e produção de azeite para a campanha 2007/2008 é repetir a campanha passada, ou seja, não será produzido azeite suficiente para atender a demanda e seu crescimento. Esse é o espaço que temos para trabalhar e conquistar ao longo do tempo. Como pode-se analisar a relação custo-benefício no mercado atual de consumo de azeite de oliva? Só o mercado brasileiro consome uma infinidade de azeite/ano. Hoje somos um dos 10 maiores importadores de azeite e azeitona do mundo, com importações que já passam as 30 mil toneladas/ano de azeite. Só para atender o mercado brasileiro, que também é crescente, teríamos que já ter implantados e em produção mais de 100 mil hectares com oliveiras. Isso já dá pra se ter uma ideia do potencial da cultura. Sem falar que hoje no Brasil se consome azeite de baixa qualidade já que a legislação é frouxa e não estabelece padrões de qualidade rígidos para a venda do azeite de oliva, isso permite que se consuma uma mescla de azeite de oliva com outros azeites (por incrível que pareça isso é permitido e considerado como azeite de oliva). Aliás o brasileiro tem um desconhecimento sobre a qualidade e na maioria das vezes pensa que está consumindo azeite de oliva, quando na realidade está pagando muito caro por um produto mesclado e sem qualidade, ou seja, comprando gato por lebre. Quais os objetivos da Argos? A Argos é uma entidade nova, pois foi fundada em meados deste ano e veio para ajudar a implantar a cultura. O crescimento da atividade está diretamente relacionado com o interesse de quem quer investir na olivicultura e saber que essa é uma cultura perene e dá seus resultados somente em médio prazo. O potencial é imenso sendo o segmento olivicula uma bela oportunidade de investimento com grande capacidade de retorno. Exige muito trabalho, mas pode ter uma participação importante ao longo do tempo na nossa matriz agrícola. Como protagonista nesse setor na região sul, quais os resultados já colhidos e os planos da Argos? No decorrer dos próximos três anos pretendo expandir minha plantação até dez mil plantas, já que hoje tenho 7400 plantas e parte delas já entraram em produção. No primeiro semestre de 2010 pretendemos fazer uma jornada internacional de olivicultura no RS. Os contatos já estão sendo feitos. O diretor do curso Dr. Juan M. Caballeros, já confirmou sua presença. Assim como mais dois doutores do curso. Estamos fazendo os primeiros contatos com um especialista italiano e um americano para participar. No primeiro semestre de 2009 a secretária da Argos, Deise Nunes, fará contato com os representantes do comitê Olivicula Internacional (COI), para tentar angariar alguma verba junto a esse órgão para ajudar na montagem dessa jornada. Fonte: Jornal da Manhã, 23 de Dezembro de 2008